sábado, 29 de novembro de 2008

Entrevista: Waldir Peres

O goleiro Waldir Peres foi um dos crucificados pela chamada "Tragédia do Sarriá", na Copa do Mundo de 82: a derrota da Seleção de Telê por 3x2 para a Squadra Azurra (como se a Itália de Zoff, Baresi, Paolo Rossi e cia fosse um timeco...).
Para a torcida são-paulina, no entanto, ele é um dos heróis das decisões do Campeonato Paulista de 75 e do Brasileiro de 77, o 1º título nacional do tricolor. Conrado Giacomini, no livro
"Dentre os Grandes, és o Primeiro" (da coleção Camisa 13), definiu: "Foi o único goleiro na história do futebol mundial que hipnotizava os cobradores nas horas dos pênaltis". Waldir defendeu duas cobranças da Portuguesa e viu outra ir pra fora na final do Paulistão 75. Em 5 de março de 78, final do Brasileirão 77, Mineirão lotado, depois de grande atuação nos 90 minutos e prorrogação, Waldir catimbou, catimbou... três atleticanos desperdiçaram suas cobranças... e o camisa 1 saiu correndo para comemorar.
Revelado pelo Garça, de sua cidade, no interior de São Paulo, passou pela Ponte Preta e literalmente defendeu o São Paulo por uma década. Depois, jogou por América-RJ, Guarani, Corinthians, Portuguesa,Santa Cruz e novamente Ponte.
Por e-mail, o blog entrevistou Waldir Peres. O ex-goleiro, que hoje é treinador de futebol,diz que ainda procura espaço como técnico de algum clube da série A do futebol nacional. E lamentou a morte do ex-volante Chicão, capitão do time campeão brasileiro de 77. "Uma perda muito grande. Viemos da Ponte Preta juntos. Fomos à seleção de 1978, na Argentina... várias conquistas no São Paulo. Um grande amigo".

Waldir, recentemente o ex-goleiro Raul Plassmann comentou num programa do Sportv que você era muito bom com a bola nos pés.

Waldir Peres- Sim, brincava muito nas peladas, rachões, treinamentos de dois toques... Várias vezes com o treinador da seleçao brasileira, Oswaldo Brandão, treinava de ponta-esquerda. Atacante.

Naquele tempo, cobrar uma falta ou pênalti como Rogério Ceni & cia nem passava pela cabeça de um goleiro brasileiro?

Waldir - Não passava na cabeça de nenhum goleiro, pois todos os treinadores não permitiam (ao goleiro) sair da grande área.



Você defendeu muitos pênaltis e também "secou" muitas cobranças, que bateram na trave ou foram pra fora. O que acha de duas polêmicas da hora: a paradinha e o goleiro se adiantar?

Waldir - Cheguei a defender muitos pênaltis me adiantando na hora da cobrança. Você tem maior possibilidade de defesa. A paradinha inibe bastante a ação do goleiro.

Final da Libertadores-1974. Aquele timaço do São Paulo com Pedro Rocha, Chicão e você foi vice-campeão por detalhes, como um pênalti perdido, ou o Independiente era bem melhor?

Waldir - O Independiente era equipe acostumada a ganhar Libertadores e o Brasil não dava a importância a essa competição. Somente nessas últimas décadas é que valorizam a Libertadores. Mas por pouco não nos sagramos campeões da Libertadores.

O Tricolor ganhou seu primeiro título nacional em 77. Por que demorou tanto para ganhar a Libertadores, que só veio em 92? O que pode ter faltado ao clube?

Waldir - Acho que Libertadores é uma competiçao diferente de todas que o futebol brasileiro competia. E não davam o real valor a ela. Com a TV, a disputa do campeão mundial no Japão, nos últimos anos mudou muito esse valor para o Brasil.

Você foi ídolo de uma geração de são-paulinos. De qual rival era mais gostoso ganhar e mais chato perder?

Waldir - De todos. Uma vitória é uma vitória.

Waldir, você trabalhou com o Minelli, como seu técnico e com o Muricy, companheiro de time. O que o Muricy treinador tem de Rubens Minelli?

Waldir - Muricy tem tudo de um grande treinador. Deve ter apreendido não só com o Minelli, mas com vários outros treinadores.

Por falar em treinador, como foram os anos de trabalho com Telê Santana, na seleção que foi à Espanha?

Waldir - Telê foi uns melhores treinadores com quem trabalhei. Formou uma seleção brasileira que é lembrada no mundo todo, umas das maiores seleções do futebol mais técnico do planeta. Muito competente, exigia muito de seus comandados.

Participar de Copa do Mundo, ganhar um Brasileirão... Qual foi o maior momento de sua carreira?

Waldir - Todos esses momentos foram importantes. Os campeonatos paulistas, brasileiros e a participação em três Copas do Mundo.

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